O Que Mais Temia



O Que Mais Temia é uma história de dois adolescentes que se amam...


- Idiota...

- Eu ouvi isso, Brea!

- Era para ouvir mesmo, imbecil!


Bem, eles amam-se... de uma maneira diferente, mas amam-se...


O que fazer quando a pessoa que mais odiamos, é a pessoa que mais amamos?



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Capítulo 5 - Fim-de-Semana Parte 2

Pedi ao Thiago para irmos embora porque já estava a ficar tarde, mas a razão principal é que não queria chegar a casa e ouvir a minha mãe a dizer: “Já viste que horas são menina Brea?”, a famosa frase que me punha de castigo umas quantas vezes, mas enfim. O Thiago sabia o motivo de eu querer ir embora, então concordou e levou-me até a casa. Mesmo eu dizendo para ele não o fazer porque sabia o caminho e não precisava de uma “ama” para tomar conta de mim até lá, mas ele veio com uma conversa de protector e levou-me. No fundo, bem no fundo, eu até queria que ele me levasse até casa porque afinal ele é o meu melhor amigo e eu amo a companhia dele por isso.
Estávamos quase a chegar quando ele veio com uma conversa extremamente irritante pois tinha como tema aquela coisa que tem a mania que é boa.
- Sabes Brea cá para mim, tu e o Josh, uiui, isso ainda vai dar alguma coisa!
-Thiago, tu estás bem?! Bebeste alguma coisa no bar da praia, não foi? Eu já te avisei que aquelas bebidas são um pouco exageradas e depois não consegues parar de dizer palermices… como agora!
- Ahaha… muito engraçado Brea. Eu estou a falar muito a sério…
- Meu filho, tens de pensar seriamente numas sessões num psicólogo, é só para o teu bem ok?
-É disfarça, disfarça, vais ver daqui a umas semaninhas andas toda: “ai, o Josh é tão lindo, ai o Josh aquilo” - ele fez uma imitação perfeita… não de mim…, mas daquelas gosmentas que não largam o Josh por nada - e mais bla bla e depois eu vou te dizer: “Afinal eu tinha razão!”
-AHAHAHAH, ó meu deus… a sério, só tu para me fazeres rir, eu NUNCA, JAMAIS na minha vida iria dizer essas palavras sobre esse dinossauro com a mania que é bom!
-Está bem, eu vou fazer de conta que acredito.
-Podes escrever!
Bem, depois desta conversa sem nexo nenhum possível, cheguei a casa, despedi-me do Thiago com um abraço bem apertado e dois beijinhos como sempre; entrei dentro de casa e a minha mãe já estava a preparar o jantar, disse-lhe que já tinha chegado e fui para o meu quarto.
O meu quarto é em tons violeta, rosa velho, cinza claro… assim umas cores muito fofinhas, estão a ver? Pousei as coisas á beira do meu puff e deitei-me na cama, pensando nestes dias que passaram tão rápido até que algo me veio á cabeça: amanhã é segunda -feira e logo no dia seguinte, vou ter que passar a tarde á beira do… enfim, não é preciso dizer o nome dele porque não me apetece partir nada no meu lindo quartinho. 
- Breaaaaaaa, anda jantar!
Sim, foi com está frase que acordei, não sei como adormeci a pensar naquela coisa. Se o sono fosse maior teria pesadelos, com certeza!
Desci, sentei-me e comecei a comer, até que a minha mãe pergunta:
- Então, como foi o teu dia filha?
- Foi bom, estive na praia com o Thiago, quer dizer… foi bom tirando a parte em que encontrei aquela galinha desmiolada na praia e ela me acertou com a bola -.-
-Estás a falar daquele rapaz, com quem vais ter de limpar a escola na terça-feira à tarde?
-Uau, obrigada por me relembrares isso; e sim foi mesmo esse estúpido! Vai ser linda essa tarde vai, se ele me chatear muito ainda o mando pela sanita. – Sim, eu tinha coragem de enfiar o focinho dele numa sanita!
- Eish, calma maninha. – E pronto, lá vem o Idiota Júnior da minha vida… pois, sem mais demoras, apresento o meu irmão: Jonh, o imbecil. Sinceramente, acho que ele e o Josh deveriam escrever um livro, juntos: “Como irritar a Brea em 2 segundos”… essa é fácil… basta, estes dois morcões existirem que, acreditem, já me irrito.
- A conversa ainda não chegou à caverna, John! – Eu disse impaciente.
- Por isso mesmo é que eu vim intervir. – Ele disse calmo.
- Vieste, mas foi meter o nariz onde não és chamado.
- Tudo o que diz respeito a ti e ao teu namorado diz-me respeito, irmãzinha. – Ok… vamos esclarecer umas coisa… o John e eu… , estão a ver os típicos irmãos que se adoram? Pronto, nós não temos nada a ver. Para além de ele ser mais velho, ele tem 19 e eu tenho 15… as nossas características não nos denunciam como irmãos… tenho cabelo castanho, bem escuro, com cachos a caírem-me até às costas… os meus olhos são de um tom chocolate e sou morena. O John tem cabelo castanho, bem clarinho, quase loiro, liso, olhos azuis como o céu e é muito mais pálido do que eu. Sim, eu já tentei convencer a minha mãe de averiguar para ver se não tinham trocado o meu verdadeiro irmão à nascença com este tone… mas ela insiste: “Brea, deixa o teu irmão em paz… para de o chatear.”
- Maninho, no dia em que eu e aquela galinha de 5º categoria… namorarmos – até me custou sair a palavra – podes-me colocar numa camisa-de-forças, porque já vou estar longe da minha sanidade mental.
- Finalmente, já tenho uma desculpa para te mandar para o hospício. – Ele disse animado.
- Meninos, por favor, à mesa não.
- Mãe… o pai? – Sabem, eu nem sei para que é que ainda me dou ao trabalho de perguntar se eu já sei a resposta.
- Ele teve uma cirurgia de emergência…e foi chamado para um plantão… - a minha mãe dizia como se nada fosse, mas eu sabia que ela estava desanimada. O meu pai é médico, cirurgião e está sempre fora em alguma “emergência”, raramente o vejo e a minha mãe é advogada, só estou com ele à noite. Sempre foi assim, passava o dia em casa com o meu irmão e com o Alex… uma espécie de mordomo, guarda-costas, baby-sitter, segurança, o que quiserem chamar.
- Outra vez – o meu irmão resmungou baixinho. – Como sempre…
- Como sempre. – Eu concordei… acho que é uma das poucas coisas na vida em que concordamos…
Quando terminado o jantar, subi para o meu quarto… amanhã seria o primeiro dia de aulas, ainda tinha que preparar muita coisa. Depois de conseguir colocar tudo em ordem e arrumar o meu quarto, tomei um longo banho para relaxar e num momento de pura insanidade, essa seria a única explicação para o que se sucedeu, comecei a pensar no idiota.
- Estou a ficar maluca – murmurei enquanto saía do banho - … completamente.
Depois de me vestir, o meu “lindo” irmão veio atazanar-me a pouca paciência que ainda tinha.
- Preparada para rever alguém especial amanhã?
- O meu professor de educação física é giro… mas ainda não o considero uma pessoa especial – eu disse a rir-me.
- Hahaha… muito engraçada… é o Josh.
- Como é que tu sabes o nome dele? – Eu perguntei surpreendida.
- Eu vi a vossa “discussão” na praia e, digamos que eu o conheço… -
Pois, bem me parecia… era muita inteligência rara semelhante. – De onde?
- Nós jogamos na mesma equipa de futebol.
- Os Vikings?
- Sim.
- Agora está tudo explicado…
- Porquê?
- Vocês provavelmente devem ter batido com a cabeça em alguma coisa num dos treinos e ficaram assim… meio tonichas… A queda deve ter sido feia.
- Hahaha… - ele atirou-me uma almofada e depois eu bati-lhe com outra e… bem, vocês entenderam, começamos uma boa luta de almofadas, ONDE EU SAÍ… a perder. -.-
Depois de ele parar de falar na equipa de futebol dele, “Os Vikings”, fui dormir… amanhã seria um longo dia, se bem que terça seria maior, mas o amanhã bastava para ocupar a minha mente com inquietação suficiente.

Capítulo 4 - Fim-de-Semana Parte 1

Quando desci do autocarro, apenas um pensamento invadiu-me por completo: PRECISO DORMIR! Acreditem ou não… este dia acabou comigo… e não, não foi por causa do idiota ao qual eu me recuso dizer o nome.
Cheguei a casa, toquei à campainha… sim, tinha as chaves, mas não tinha vontade nenhuma de as procurar na minha bolsa.
- Então, como correu a escola? – A minha mãe perguntou. Óptimo, hora de contar para a minha mãe que fui duas vezes, em 13 minutos, para o gabinete do director e ainda fiquei de castigo na minha primeira tarde livre.
- Foi… mais ou menos. É que eu conheci um rapaz super-irritante, chato e insuportável e graças à sua plena falta de educação, fomos mandados para o director – a minha mãe olhava espantada – duas vezes… e vamos ter que limpar todos os corredores nesta terça-feira à tarde. – Agora que penso, não deve ser tão mau assim, quer dizer, ainda vai ser o inicio das aulas, logo os corredores não devem estar tão sujos assim… eu acho.
- Não sei o que dizer – a minha mãe parecia incrédula – o que é que fizeste?
- Oras mãe… aquele rapaz era insuportavelmente provocador… e eu passei-me com ele. – tentei explicar-me…
- Veremos se vocês vão continuar a implicar-se depois dessa tarde… - quando ouvi isso, tive a ligeira impressão de que esta frase tinha vindo em diversos sentidos.
- Enfim… tenho agora este fim-de-semana para relaxar e segunda-feira volto… só espero, sinceramente, que ele pare de me irritar! – eu falava isto enquanto subia as escadas, e a minha mãe possuia um estranho sorriso no rosto.
Necessariamente, precisei marcar algo com o Thiago neste fim-de-semana, por isso fomos para a praia… sim, precisamente no local onde é a minha nova escola. Só espero não encontrar certas pessoas… Bem, mas voltando ao assunto “Thiago”… como eu disse, estou preocupada, algo me diz que aconteceu alguma coisa e eu vou descobrir o que é, mesmo que ele não me queira contar o que aconteceu, eu vou descobrir… e nada me tira da cabeça que foi aquela namorada esquisita dele… quer dizer, onde já se viu!?… ele contou-lhe que ia estudar numa escola muito desenvolvida e bem falada e ela vai para a escola que fica, precisamente, do outro lado da cidade… Ela é bem estranha… Bem, mas voltando ao assunto “Fim-de-semana com o Thiago na praia”, digamos que não poderia ter sido melhor. Sim, olharam para nós, várias vezes de lado, por nos rirmos como dois palermas no meio da praia e por fazermos cada cena… mas isso é um caso à parte. Mas, vejam as coisas do meu ponto de vista… estive com o meu melhor amigo, a pessoa com quem mais gosto de estar, a fazer a coisa que mais gosto, que é expressar a minha insanidade infantil (por outras palavras… maluquice) e no lugar com que mais me identifico, a praia. Muitos admiram este sítio pelo pôr-do-sol, pelo grande mar que se estende aos nossos olhos, pela areia que domina a maior parte da área… Pelo som das ondas a quebrarem-se ou, simplesmente, pela bela visão que nos é proporcionada. Eu poderia usar todos estes motivos como as minhas razões para amar a praia de coração, mas sinto que há algo mais… e, muito provavelmente, nunca saberei o que é esse algo mais… mas também é isso o que me fascina, o incógnito… o desconhecido… prefiro que se mantenha em sigilo esta identidade que o meu cérebro procura, mas que o meu coração esconde.
- Vais-me contar o que se passou com a Anna? – eu perguntei, olhando o horizonte.
Ele surpreendeu-se, pensava que eu estava concentrada no mar e parecia cogitar a ideia – Ela… anda estranha…
- Anda estranha? Porquê?
- Sei lá… parece distante… parece que… não se importa mais – ele respondeu olhando o mar também, e eu percebi que até aí era o máximo que ele sabia…
- Sabes que essa história tem mais coisa, não sabes?
Ele assentiu e voltamos às piadas. Apesar de tudo, o Thiago era um rapaz de bem com a vida… sempre levava tudo na maior e sempre com graça… E, se vocês pensam que o Thiago é apaixonado pela Anna e que está super-triste com a distância repentina dela… é aí que vocês se enganam… aliás, se eu não o conhecesse… diria que ele não está nem preocupado com isso, porque foi só uma rapariga piscar para ele, que ele arranjou uma desculpa e foi ter com ela… ahaha malandro!
- Vou dar uma volta por aí…
- Sozinho? – eu provoquei sorrindo…
- Ora… tu conheces-me! – e rimo-nos mais uma vez. E não, não me recriminem, ele sempre fez isto… e não é bem traição… é mais… um método de conhecer novas pessoas, fundamentalmente do sexo feminino, mas isso não vem ao caso.
Decidi dar uma volta também… mas eu iria mesmo sozinha. Estava a andar perto do mar… sentindo a água fresca quando… POW! E todos vocês querem saber o que foi esse POW! E eu digo-vos: Alguém, com certeza, deve ter uma mira pior do que a minha… porque eu acabei de levar com uma bola… e olha que era bem pesadinha para ser uma bola de praia, porque eu caí REDONDA na areia… estava distraída… fazer o quê?
- Eishh… desculpa aí gata… - Gata? Mas quem é que este individuo pensa que é… para vir com essa cantada… espera! Eu conheço esta voz lerda de algum lugar… Ah não! Não! Tudo menos isto… mas até em fim-de-semana ele me persegue?
- TU!? – Eu acho que falei um pouco alto de mais… e com bastante certeza para quem ia fazer uma pergunta… bem, paciência.
- Tinhas que ser tu, prazer em revê-la Miss Enjoadinha! – Ele disse já perdendo o entusiasmo na “gata”.
- Eu mesma, muito pouco prazer em revê-lo de novo… ah… como era mesmo o teu nome… sim, eu tenho óptima memória em lembrar-me dos nomes, mas no teu caso é uma excepção.
- Tu sabes bem o meu nome… eu sei que sim… aliás quem iria esquecer-ME? – ele fez questão de fazer aquela cara de gabado.
Olhei para ele como se estivesse completamente desinteressada – Juro que não sei o que tomas para ficar tão idiota, mas realmente funciona! – Mudei a minha expressão e saí andando, dizendo as últimas palavras ao mesmo tempo que lhe dava um toque nas costas.
Fui ao encontro do Thiago que, aparentemente, já se tinha despachado com a menina que tinha conhecido e que deve, provavelmente, ter visto a minha pequena discussão com o pré-histórico.
- Até aqui vocês se…
- Não acabes essa maldita frase Thiago Petterson! – Disse irritada.
- Detesto quando dizes o meu nome completo – Ele disse emburrado.
- Não sabia que não gostavas do teu nome. - Fingi-me surpresa.
- Não é do nome… é do que costumas fazer a seguir.
- O quê? Ah, isto? – Perguntei, dando-lhe um bom soco… NO OMBRO, GENTE...
- É… - ele disse esfregando com a mão onde lhe tinha acertado – Isso!
Logo a seguir começamo-nos a rir de novo e eu senti a minha nuca queimar… sinal de que alguém me olhava… e eu poderia até adivinhar quem era… aliás, vocês poderiam até adivinhar quem era… todos podíamos… e como eu não sou aquelas tristes personagens de cinema que prefere não olhar e segue o seu caminho em frente, terminando assim a última cena do filme, olhei para trás, para o Sr.”Eu sou um idiota, mas duvido que ninguém saiba disso” e sorri-lhe vitoriosamente.
Brea – 1    Josh - 0

domingo, 10 de julho de 2011

Capítulo 3 - Apresentando Amigos

É, vocês já podem imaginar o sermão que estaria por vir. Também… quem não imaginaria!? Ah, espera, tem uma pessoa que, com certeza, não tem capacidade para prever o que viria a acontecer… pois é, a idiota da galinha sem cérebro.
- Não acredito – começou o director a resmungar… - outra vez? Como é que vocês conseguem? Duas vezes aqui em apenas… - ele olhou para o relógio – 13 minutos!
- Então professor… estámos de volta porque a irritante irritou-se, mas como o sinal já vai tocar… nós podíamos voltar cá outro dia. – Óptima maneira de se tentar escapar… aliás adorei essa “a irritante irritou-se”… é tão pré-histórico… OPA! Encontrei um novo nome para a galinha: Pré-histórico… não, espera… dinossauro!
- Menina Brea, está a ouvir? – O professor tinha que me interromper quando estava a fazer a lista dos “elogios” do parvalhão?
- Sim, estou.
- Muito bem, então estamos todos de acordo, podem ir.
- De acordo com o quê? – Eu perguntei sem pensar. BOLAS! É, Brea… mesmo inteligente, PARA QUEM ESTAVA A OUVIR…
Quando vimos a cara do director, tive vontade de dizer que estava na brincadeira, mas algo me dizia que não ia sair bem. – Ela está a brincar. – O Josh tentou "arranjar" a situação, para não termos que ficar mais tempo ali... ah... Eu JURO que se ele voltar a sorrir daquele jeito presunçoso… eu… ahhhh.
- Menina Brea, pela última vez, você e o Sr. Josh irão limpar todos os corredores desta escola na primeira tarde livre do vosso horário, que coincide com terça-feira.
- Espere… mas todos?
- O que é que entendes por todos, Miss Espertinha? – O idiota está a enervar-me.
- Cala o bico porque a conversa ainda não chegou ao galinheiro. – Ele voltou a sentar-se, já impaciente.
- Sim, todos… ou queria só metade? – Olha… sorriso irónico!
- Na verdade… - algo me disse que era melhor eu não prosseguir esta frase… se calhar, foi a cara que ele me fez.
- É tudo, podem ir! E, por favor, não me apareçam mais aqui... pelo menos por hoje. Não acham que já foi o suficiente?
Mais uma vez, repetimos o processo de assentir e deixar o gabinete. Decidi que era melhor seguir o mesmo caminho que o menino aqui do lado… por mais tentador que fosse encontrar aquele loiro…
- Óptimo! Vou ter que desperdiçar a minha tarde livre a limpar os corredores… e ainda por cima com a…
- Diz aquilo que eu estou a pensar que vais dizer, e eu juro que não vais poder procriar no futuro! – Já estava, sinceramente, extremamente irritada.
- Eiii! Calminha aí, ó insuportável.
- Ah, já estou a ver… para a galinha parar de cacarejar, eu apenas tenho que ameaçar aquilo que, supostamente, tem de maior importância…
- Até parece… tu? Ameaçar? – Sim, o palerma começou a rir-se como um perdido.
Hora de entrar naquela sala, antes que eu lhe dê um belo de um murro naquela linda cara… OPA! Eu disse linda? Queria dizer… estúpida cara.
- Podemos professor?
- Desde que não comecem com as vossas discussões e que não saltem para cima de ninguém, estão autorizados a entrar na sala quando quiserem – O professor disse com um sorriso simpático. O problema foi que o idiota, que já vinha a rir-se desde o início do corredor, quando chegou e ouviu essa de “não saltem para cima de ninguém”, riu-se mais ainda… eu até pensei que ele ia ter um ataque… QUE BENÇÃO QUE SERIA!!!
- Josh!? – O professor chamou.
- Sabe o que é professor… - eu comecei – é que ele descobriu que é a prova viva de que o homem pode viver sem cérebro – eu ri-me assim como o resto da turma, excepto as meninas, o professor tentava reprimir o riso, enquanto que o Josh sentou-se na cadeira amuado.
O dia a partir daí decorreu normalmente… Também, eu já estava farta da anormalidade que me perseguia. Segui para a casa com o meu melhor amigo ao meu lado… ainda nem tínhamos falado quase nada hoje…
- E então Thiago… como vão as coisas?
- Bem, e a… espera, nem preciso perguntar, já vi que simpatizaste de primeira com o…
- Dizes o nome dele, e eu juro que te mando pragas até ao final do dia – disse irritada.
O Thiago era o meu melhor amigo, assim como já deu para perceber. Não que fossemos muito apegados… aliás, o ano passado quase nem nos falávamos… só de vista, mas digamos, que ele compreende-me muito bem… não preciso estar a contar o que aconteceu porque ele entende com um simples olhar… às vezes ele entende as coisas mesmo antes de elas acontecerem.
- Eu até diria que tanto ódio, para quem só se conheceu há duas horas… isto seria mais amor…
Digo-vos uma coisa, vocês provavelmente não me devem estar a imaginar com uma cara assassina, ou talvez estejam… de qualquer das formas… ele entendeu a ameaça, porque ao contrário de certos indivíduos irritantes, ele conhece-me e sabe que eu não lido muito com provocações… eu costumo passar logo à parte… “VAIS APANHAR!”
- Ok, ok, eu já não digo mais nada.
- E então, como vai a Anna? – Perguntei, tentando mudar de assunto.
- Bem… ela vai bem. – ele disse com um ar distante… distante demais…
- Aconteceu alguma coisa? – eu perguntei preocupada.
- Que eu saiba não… Mas algo me diz que sim. – ele disse meio abalado.
Sim, para quem ainda está na dúvida… a Anna é a namorada do Thiago. Apesar de ela não gostar lá muito de mim… bem, pensando melhor… ele detesta-me, precisamente pela razão de o Thiago ser o meu melhor amigo. A Anna foi frequentar uma escola que fica do outro lado da cidade e, mesmo eu não passando muito tempo com ela, tenho notado uma certa distância imposta pela mesma…
- Encantado com a escola? – eu tentei mudar de assunto de novo – Jesus… aquilo é cada labirinto…
- É mesmo… mas eu ainda não tive oportunidade de a conhecer tanto quanto tu… - ele riu-se e eu dei uma risada irónica.
- Rindo do quê? Posso saber? – Keira foi um dia uma das minhas melhores amigas… mas ela sempre teve um temperamento tão difícil quanto forte… tornando-se por vezes quase que insuportável e numa dessas desavenças sem motivos, acabamos por nos afastarmos bastante. Mesmo sendo amigas agora, já não temos aquela confiança que outrora tivemos.
- Sim, estávamos a falar sobre como o Thiago já conquistou metade das raparigas da escola. – eu sinceramente não estava com o mínimo interesse em explicar-lhe que estávamos a falar, MUITO INDIRECTAMENTE, da galinha sem cérebro.
- Até parece Brea… - Apesar do Thiago ter entrado no jogo, apesar de ele ter dito aquela piadinha e de ele ainda se rir, eu sabia que havia algo de errado com o meu melhor amigo e, ao contrário do que ele me tinha dito, algo realmente aconteceu.

sábado, 9 de julho de 2011

Capítulo 2 - Ele Só Me Arranja Problemas

Eu já estava a bufar. E vocês perguntam-me porquê e eu digo-vos que eu e a galinha ao meu lado, já estávamos há dois minutos contados a olhar para a cara daquele marrado.
- Impaciente, menina?
- Digamos que ficar aqui a olhar uns para os outros não é algo para que eu tenha muita paciência, Senhor. – Eu respondi, tentando não parecer muito alterada.
- Professor, diga logo o que vamos ter que fazer… porque eu não gosto de estar no mesmo ambiente que certa gente insuportável. – Ele respondeu, presunçoso.
- Insuportável? Eu? O único incómodo aqui, és tu, ó galináceo!
- Galináceo? Eu? A única aqui que não para de chatear és tu.
- Birrento.
- Impertinente.
- Imbecil.
- Irritante.
- Aha, já me chamaste esse hoje!
- Não chamei não!
- Chamaste sim!
- Não, não chamei!
- Chamaste.
- Não.
- Chega! – O director que até então só avaliava a nossa discussão fez-se pronunciar muito calmamente.
- Também já nos disseram isso hoje – sussurrei baixinho.
- Que vocês não se suportam, já a maioria das pessoas desta escola deve ter percebido… e vocês estão aqui não faz nem 1 hora… Bom, como é o primeiro dia… vamos disfarçar que houve apenas uma desavença, e vocês passam apenas com um aviso: Se voltar a acontecer, os dois…, independentemente de quem quer que tenha começado, ficam de castigo. Estamos entendidos?
Nós assentimos e o director dispensou-nos. Seguimos para a sala em silêncio… quer dizer… eu comecei a correr para a sala, por outro caminho, já que não queria seguir com o convencido que estava ao meu lado.
Enquanto andava apressada pelos corredores daquela escola desconhecida, ouvi alguns barulhos atrás de mim. Mas, porque é que eu vim por aqui mesmo? Só para não ter que ficar ao lado daquele… daquela coisa intolerável… ai! Agora perdi-me. Perfeito, este dia não podia estar a correr melhor.
- Posso ajudar? – A voz que se pronunciou atrás de mim tinha algo de misterioso, mas ao mesmo tempo era forte e fazia-me sentir segura por alguma razão.
- Bem, digamos que eu realmente preciso de ajuda. Podes-me dizer onde fica a sala… - parei de falar enquanto me virava. Mesmo o corredor sendo muito mal iluminado, eu pude notar a presença masculina que me tinha auxiliado e digo-vos uma coisa… ele era lindo, com um L super-maiúsculo.
Ele pareceu notar a minha paralisação momentânea e sorriu com simpatia e não presunçosamente, como certos morenos… - Sala…
Eu acordei dos meus devaneios, quando ele repetiu “sala”… - Sala A_12, por favor. – Ainda havia uma quebra na minha voz.
- Sempre em frente neste corredor e depois vira à direita.
- Ok, obrigada pela ajuda. – Já estava a afastar-me, quando…
- Como é que disseste que te chamavas? – Essa foi uma forma bastante original de me perguntar o nome.
 - Brea. – Eu andava de costas, quase no final do corredor.
- Andrew. Espero ver-te em breve. – Ele deu um passo em frente, de forma que parecia que eu ia ouvir melhor.
- Igualmente. – E virei à direita.
Ah… finalmente alguma coisa boa neste dia… ou melhor, alguém bom. De repente, dou por ele quando esbarro em alguém forte, alto, (esplendidamente musculado) e que tinha um perfume, que quase me fez ficar tonta, ainda bem que ele estava a segurar-me…. Quem seria o próximo Deus que ia conhecer? Será que eu enganei-me e vim para uma escola de artistas e modelos? Ups… foi só eu falar… parece que vim mesmo foi parar ao jardim zoológico… porque eu bati contra a GALINHA IDIOTA… (opa, opa, opa… pode ir largando-me).
- Podes me largar, obrigada. – eu disse contrariada.
- Pois a mim parecia-me que ias cair por ser eu a segurar-te. – podem por arrogância no tom de voz dele. Espera! Era assim tão evidente? Nota Mental: Parar de ficar tonta, nervosa ou com falta de ar quando estiver perto da “coisinha com penas”.
- Eu, por um acaso, perguntei-te o que estava a parecer? Não. Então, abre logo a porta, porque eu não estou para ficar a discutir com um palerma na frente da sala. – eu disse alterada.
- Pois então podemos discutir noutro lugar. – Ele disse malicioso. Espera… tenho que fazer esta pergunta, porque tive a pequena impressão que ele estava a ser malicioso!? O QUÊ?
Talvez porque ele soubesse que eu ia estourar com aquela provocação, ele abriu a porta no mesmo instante em que eu gritei em alto e bom som – O QUÊ SEU IDIOTA? – upss… alto demais. Acho que eu tinha a turma toda a olhar para mim. Ups, errei outra vez. EU TENHO A CERTEZA que todos estavam a olhar para mim. – ups, desculpem.
- Está a ver professor, ela é maluca e tem estes ataques, e depois eu é que vou ao director. – a fingir-se de inocente… ah, que raiva.
- Quem vai ter um ataque aqui vais ser tu! – É, digamos que eu... PASSEI-ME… e que na hora eu não pensei muito e saltei para cima dele… mas não era com essa intenção. Aparentemente, ele não estava à espera desta minha atitude. Conclusão: Ele caiu ao chão, deitado e eu em cima dele. Ups, outra vez.
- Menina Brea, saia de cima do seu colega. – O professor por algum instante parecia estar a achar graça. Espera, ele estava mesmo a rir-se! Aff, graças a Deus que ele não está chateado, senão tínhamos que ir de novo para o…
- Director! – MAS PARA QUE É QUE EU FALO ANTES DA HORA?? E aquela galinha de meia tigela ainda se riu! – OS DOIS!
Ahahah, parou de rir na hora! – Mas professor… - ele tentou argumentar, porém o professor estava incisivo na sua decisão.
- Ambos sabemos do seu talento para irritar as pessoas, e não acredito que a menina Brea tenha ficado irritada com o menino de uma hora para a outra, no entanto essa vossa intolerância um com o outro precisa ser remediada… já que é impossível eliminá-la… por isso os dois podem tomar o caminho que estavam a tomar à 15 minutos.
E pronto! Estava eu e a galinha a caminhar para a sala do director OUTRA VEZ, em apenas 30 minutos! Mas, quem é que consegue superar este recorde?
Chagamos à sala, eu já nem tinha mais coragem em bater à porta para entrar. Foi então, que ele pediu licença (pois, afinal ele ainda tem educação com algumas pessoas…) e lá estávamos mais uma vez. Eu, a galinha e o director que parecia que nos queria mandar para o Inferno de uma vez. Desta não tínhamos escapatória.
Agora sim, este dia não podia estar melhor.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Capítulo 1 - Conhecendo o Inimigo

Já nasciam alguns raios de sol quando saí de casa, seguindo para a paragem de autocarro. Depois de o ter apanhado, a viagem decorreu normalmente, digo "normalmente" porque não aconteceu nada de especial... algumas pessoas entravam, outras saiam, umas falavam e outras ainda dormiam, umas escutavam música e outras falavam ao telemóvel... umas estavam ali para o trabalho, o que no meu caso é quase o mesmo já que "é dia de escola" e outras ainda vão aproveitar os últimos dias de férias ao sol, na grande cidade da praia... A minha viagem não foi entediante de todo, porque eu estava com alguns amigos... é, eles estavam "nesta" comigo (ou, pelo menos, aparentavam), no entanto, não posso afirmar que foi divertido... o que eu iria encontrar? Logo saberia... ao menos isso era certo. Eu olhava as coisas lá fora... as paisagens, os sítios, as casas e algumas pessoas... tudo estava tão perto, mas parecia, de uma certa forma, inalcançável.
Finalmente, chegamos ao destino desconhecido que, em breve seria o sítio onde passaria grande parte das minhas 24 horas. Era diferente. Na minha outra escola, nós não chegavamos nem a ser metade dos alunos que estavam presentes no exterior desta desconhecida. As pessoas eram diferentes... também, não me posso esquecer que estou numa cidade e não na aldeia a que estava acostumada.
Saímos em grupo, até porque o nosso destino seria "supostamente" o mesmo. Ouvi alguns comentários das meninas sobre os rapazes, para variar. Sim, eu também me interesso por esses assuntos... e sim, encontrei cada "Deus" que até me esquecia que precisava de respirar... porém, eu ainda me encontrava numa espécie de transe distante... teria que me acostumar com isto. Apesar de ter rapazes lindos a passearem por ali e passarem por nós... houve algo que me chamou a atenção. Bem, na verdade foi mais um "alguém" que me chamou a atenção. O cabelo era escuro, liso... mas aparentava algumas ondas... era alto... era capaz de nos tirar os suspiros que se repreendiam. O único defeito daquele estranho maravilhoso era... que ele não deveria estar de costas! De qualquer das formas... era só mais um no meio de tantos rapazes... mas parece, que todas as raparigas daquele espaço partilhavam da mesma opinião... quer dizer, com tantos rapazes para olhar, tudo estava centrado nele... havia algo que atraía os olhares, mas estas minhas teorias mentais vão ter que ficar para mais tarde... porque, infelizemente, acabaram de me furar os tímpanos! Mas, quem foi o idiota que inventou estas campaínhas ensurdecedoras?? Não, não digam! Não quero ser acusada de assassinato de ninguém, pelo menos por agora.
Sem saber bem como, já que eu estava nestas conversas mentais e com o pensamento constante num certo moreno, cheguei à sala de apresentação com os meus colegas. Eles pareciam animados, a ver onde se iam sentar... mas eu ainda estava meia... lenta! Ó, boa! Acho que é desta que eu vou acordar... adivinhem (não que seja muito difícil) quem foi a "Maravilhosidade" que acabou de adeentrar nesta sala?? Sim, ELE! E... ai, ele é muito melhor de frente... Meu Deus, que olhos! (isto devia ser proibido, ainda causa perdição a alguém!) Nunca vi uma cor assim! Fazia-me lembrar o mar num dia de tempestade... um azul que se confundia com leves tons de cinzento. Ok... boa! Esqueci-me de respirar outra vez! Se isto continuar assim, no fim do ano, vou conseguir reter a respiração por mais de 1 hora. Bem, nesse momento desejei que o meu melhor amigo não estivesse ao meu lado, até porque só havia uma mesa vazia disponivel... e devido a isso, ele teve que se sentar com aquela fofoletezinha que não largava o pescoço dele... Bem, pelo menos, a mesa disponível ficava bem atrás da minha, logo ele estaria atrás de mim... logo, acho que vou ter um ataque de coração...
Logo, chegou um professor, já com a sua idade, tinha os cabelos já grizalhos e apresentavam umas mexas brancas bem visíveis, mas o que mais saltou à vista, foi o seu ar cansado. Apesar disso, ninguém deu muita importância e começamos a preencher alguns formulários de dados, que nos tinham sido entregues. Foi então que eu ouvi uma caneta cair ao chão, perto da minha cadeira... Ah... não... só pode ser del...
- Psstt... Apanha-me a caneta - Aquele tom autoritário não lhe saiu muito bem...
- Desculpa!?
- Estás desculpada. Agora dá-me logo a caneta porque eu não tenho o dia todo! - Como??
- Como?
- És surda ou quê? Apanha a caneta! - Esta foi rude!
- A educação mandou lembranças!
- Será que dá para apanhar a porcaria da caneta? - Ele perguntou impaciente.
- Olha tu tens dois braços, não tens? Então, em vez de mandares alguém fazer isso, levanta tu o teu traseiro e vai buscá-la! - A minha irritação estava a alterar o meu tom de voz.
- Desculpa!? - Ele parecia incrédulo, e o seu tom  também estava a aumentar.
- Estás desculpado. - Eu sorri sarcasticamente, mas vitoriosa!
- Posso saber o que está a acontecer? - O professor parecia realmente muito cansado.
- Sim, professor. Digamos de passagem, que algum desastrado deixou a sua caneta cair e ao invés de pedir com EDUCAÇÃO, mandou-me, literalmente, apanhar a caneta no chão.
- É verdade Josh? - Ele não parecia muito surpreendido.
- Mas, é claro que não, professor. Eu jamais faria isso, ainda mais com uma rapariga.
- Como? - Eu perguntei incrédula.
- Oras... professor, provavelmente é só mais uma menina que quer arranjar assunto comigo... e começa a inventar estas coisas malucas...
- Ok, agora foste longe demais idiota.
- Idiota? Falou a chata.
- Egocêntrico.
- Nojenta.
- Palerma.
- Irritante.
- Ok, chega. - O professor não gritou, parecia estar demasiado esgotado para isso, mas o suficiente zangado para aumentar o tom de voz. - Os dois para o director.
- O QUÊ?? - Nós paramos a nossa maravilhosa discussão que estava a ser seguida por todos os alunos.
- AGORA! - Disse o professor.
Óptimo, para além de ser mandada embora na própria apresentação, ainda fui expulsa por causa do Sr"Eu sou todo bonzão e acho que posso mandar". Que ódio... Ah, e vou já aproveitando para dizer que é para esquecer aquelas coisas que eu tinha dito sobre ele... Até parece...
Chegamos à sala do director e logo entramos. Ele parecia já saber do que se tratava. Óptimo, agora era eu, um director mal humorado que parece que andou na guerra antes de vir e a galinha que acha que é melhor que todos neste mundo.
Perfeito. A situação com certeza não poderia ser melhor.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Prefácio

Encontrava-me onde a mãe natureza dominava, onde tudo era mistérios não desvendados. Aquela floresta era sombria, desde aquelas árvores altas e robustas, aquele clima enigmático até ao chão resguardado com folhas quebradiças.
Olhei ao meu redor e estava sozinha, o meu coração batia sem ritmo certo, o meu corpo tremia como que se deixando levar pelo vento que o cercava, não sabia o porquê de ali estar, como tinha ido parar ali, não sabia o porquê de estar ali, não sabia para onde ir, não sabia o que fazer, estava completamente confusa $: Fui interrompida enquanto debatia em pensamento as respostas para as minhas dúvidas por um barulho deveras estranho, como que por instinto corri o mais que as minhas pernas conseguiam, tinha curiosidade em olhar para trás para saber o que me perseguia, mas o medo que me circulava no sangue não permitia o fazer, continuei a correr numa esperança de encontrar um lugar seguro, mas nada que encontrava me parecia ideal.
As minhas pernas fraquejaram e acabei por cair naquele húmido chão, escutava e sentia as minhas palpitações cada vez mais fortes, ouvi algo a aproximar-se, mas o que seria? Um animal feroz? Um humano insensível? Apenas sentia cada vez mais próximo algo incógnito. Já conseguia ouvir a sua respiração, mas ainda não conseguia distinguir o que seria, até que por fim surgiu o que mais temia…


O que eu mais temia baseava-se na pessoa que eu mais amava e isto pode parecer estranho, mas não é tanto assim como aparenta. Eu tinha medo, pavor… de voltar a cair no mesmo erro… na mesma tentação… : ele…
Um dia, ele fez-me perder a razão e a noção das coisas à minha volta. Eu comecei a viver num mundo que girava ao seu redor… mas, ele simplesmente não me via.
Tudo era, imensamente, contraditório… o que eu sentia por ele era, intensamente, incompatível. A sensação de o ver, de estar com ele, de olhar naqueles olhos azuis-acinzentados... era tão bom… tão cómodo porém, tão mau, tão frustrante. Tão doce e tão amargo. É difícil de explicar… Ele… Pode trazer uma enorme felicidade ou uma profunda decepção. Pode te dar uma razão para viver, ou uma causa muito forte para tentares contra a tua própria vida. Pode trazer-nos sorrisos, pode levar-nos a lágrimas. Pode ajudar a ver uma nova realidade ou cegar-nos completamente. Pode trazer tranquilidade e paz… ou pode correr a nossa vida toda a riscos. Pode acompanhar-nos durante muito tempo ou abandonar-nos na primeira hipótese. Pode curar feridas passadas ou magoar mais ainda… Podemos deixar de lado… tentar ignorar…, mas esquecer? Jamais. Eu “rezei”. Eu rezei para que tudo isto não passasse de uma mera ilusão da minha cabeça, uma colocação de valores numa pessoa que talvez não os tenha… uma simples chama. Infelizmente, era algo muito mais complexo do que isso e em tentativas frustrantes de o esquecer, eu apanhei-me a pensar na quão monótona era a minha vida antes de ele aparecer. O facto de ele ter surgido na minha existência foi, assim como o meu sentimento por ele, bastante contraditório, bom e mau. Tudo começou a ganhar mais animação e o meu cenário ganhou novas cores.
O azul-acinzentado predominava na minha vida… quase que inteiramente… porque era a cor que mais me fazia lembrar dele, porque era algo que me simbolizava muito… porque era a cor dos seus olhos… Lembro-me de quando eu me perdia naquele mar… eu sentia-me como se me estivesse a afogar… devido à falta de ar, tanta era a perfeição dos seus olhos.
Como tão rápido este sonho apareceu… tão rápida chegou uma dura realidade… o que me fez fazer a coisa mais óbvia e estúpida que eu poderia ter feito…: fugir…

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Provavelmente, continuaram sem entender a minha história... talvez esta não seja algo que necessite ser entendida... apenas explicada... Bem, mas vocês não querem saber das minhas teorias filosóficas generalizadas... e sim, o que realmente aconteceu... a história do ínicio ao fim... sim, e talvez essa seja a melhor forma de contar o que aconteceu... o que ME aconteceu... então, comecemos pelo dia em que ELE apareceu... mas, vamos fazer isto da melhor forma, como é que os contadores de histórias começam?? ah, sim... ERA UMA VEZ...